Estudo da FDC revela diminuição nos indicadores financeiros das médias empresas no ano passado, afetando receita líquida, EBITDA e lucro líquido em diversos setores.
Segundo dados do IBGE, cerca de 25% da massa salarial e 20% dos empregos formais gerados no Brasil originam-se das Médias Empresas, representando uma quantidade significativa no capital financeiro e uma parte importante no desenvolvimento do país. E para ajudar esta importante parcela que movimenta a economia brasileira, a Fundação Dom Cabral (FDC), por meio do Centro de Inteligência para Médias Empresas, realiza a pesquisa Radar de Mercado 2023. O estudo da FDC identificou quedas nominais consolidadas de receita líquida, EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e lucro líquido nos anos de 2021 e 2022.
Em 2022, houve diminuição de 8,4% da receita líquida em relação a 2021 para a amostra total. O EBITDA igualmente mostrou tendência de queda, com redução de 14,1% em 2022 também em relação a 2021. “Esse declínio em proporção superior à queda da receita líquida se deu, possivelmente, em razão de uma combinação de fatores, como aumento dos custos operacionais, maior concorrência, queda de preços de venda e volatilidade nos preços das matérias-primas”, explica Eduardo Menicucci, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo e professor da FDC.
Em relação ao lucro líquido, a queda foi ainda maior (14,93% entre 2021 e 2022). Essa questão pode ser atribuída principalmente ao impacto financeiro (juros – despesas financeiras), já que a taxa básica (SELIC) aumentou de 9,25% para 13,75% entre os dois períodos.

Amostra
O estudo analisou 6.917 Médias Empresas, selecionadas por meio da plataforma EMIS. Os dados foram estatisticamente ponderados para representar a população de Médias Empresas brasileiras em função da distribuição por setor e por região do Brasil. Os resultados indicam maior concentração de empresas nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste, tal como ocorre para a distribuição de Médias Empresas, segundo dados do cadastro central de empresas do IBGE (CEMPRE). A pesquisa analisou ainda resultados para a distribuição de setores da indústria, do comércio e de serviços.
Ao longo do período analisado pelo estudo, o setor de serviços apresentou as maiores margens EBITDA, seguido pela indústria, enquanto o comércio teve as margens mais baixas. Entretanto, a pesquisa revelou uma dinâmica interessante e diferente entre os setores nas margens EBITDA. No setor de serviços, houve aumento na margem EBITDA, sinalizando melhoria na eficiência operacional das empresas desse segmento.
Em contrapartida, no comércio, a redução foi expressiva, chegando a impressionantes 67%. Já na indústria, a queda foi de 4,2 pontos percentuais. Esses resultados apontam para a necessidade de uma análise mais detalhada dos fatores que impactaram negativamente as margens do comércio e da indústria, bem como das razões pelas quais houve melhoria no setor de serviços.
Resultados para a indústria

Resultados para o comércio

Resultados para serviços

O estudo revelou um cenário complexo e diversificado para as Médias Empresas. Enquanto algumas vivenciaram um retorno ao período pré-pandemia (2019) e alcançaram patamares semelhantes de receita, EBITDA e lucro líquido, outras tiveram a oportunidade de crescer e expandir suas operações. Porém, os efeitos do “tsunami da covid-19” foram profundos em algumas empresas, resultando em impactos negativos significativos nas receitas e nos resultados financeiros.
Outro dado importante extraído dos resultados é a possibilidade de as receitas líquidas obtidas em 2020 e 2021 terem aumentado comparativamente a 2019 e até mesmo a 2022 (que apresentou queda em relação a 2021) devido à inflação. “A inflação pode ter levado ao aumento nominal das receitas sem crescimento real nas vendas e na atividade econômica. Da mesma forma, os resultados financeiros podem ter sido impactados por essa dinâmica agora na análise 2021-2022”, pontua o professor.
Exemplos de variação na receita e nos resultados são vistos no comércio de materiais de construção e de artigos de pet shop que, em ambos os casos, com a população dentro de casa, houve maior consumo. E como esse aumento de consumo se deu rapidamente e a oferta não acompanhou a velocidade da demanda, o que fez os preços dispararem. De maneira semelhante, o setor de saúde e higiene pessoal viveu a mesma situação: aumento forte e rápido de consumo, sem contrapartida na oferta.
Com o acúmulo de estoque, fruto dos dois anos anteriores, o comércio enfrentou uma situação inversamente diferente de 2020 e 2021, resultando na queda da receita e dos demais indicadores financeiros. “As Médias Empresas que almejam crescer e se tornar referência precisam adotar práticas cruciais, como gestão financeira bem-sucedida, investimento em inovação e capacitação para enfrentamento de possíveis obstáculos e imprevistos econômicos”, indica Menicucci.
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Por FSB Comunicação
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