#Mesa&Etiqueta
Andréa Staciarini Consultora de Etiqueta. @mesaetiqueta abeeon.com/mesaetiqueta
Contratar e ser contratado, demitir e ser demitido são constantes (e necessárias) dinâmicas corporativas. Para que esse momento não se transforme em um deselegante ou trágico episódio, é preciso etiqueta de ambas as partes.
O jargão “você está demitido” da série de TV O Aprendiz, apresentada pelo atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no início dos anos 2000, chamava atenção. Algumas pessoas se divertiam com o programa, mas eram muitos os telespectadores que sentiam empatia pelo demitido e por seu constrangimento. A polêmica foi um dos ingredientes de sucesso do programa, que acabou sendo reproduzido em diversos países. Contudo, demitir ou ser demitido jamais será um momento agradável para qualquer uma das partes.
Para evitar que o fatídico momento seja um completo desastre, empregador e empregado devem usar do bom senso e da ética. Quando o funcionário é bem treinado e instruído com clareza de suas funções e metas na empresa, dificilmente sua demissão por baixa performance será um choque, pois os parâmetros de avaliação de desempenho já estavam pré-definidos e autoconscientes.
Mesmo existindo parâmetros de produtividade, o padrão de etiqueta na demissão precisa ser observado, visando o bom relacionamento e até a preservação dos valores morais da empresa, o que obriga empresários e gestores a repensarem constantemente suas ações para não causarem danos aos funcionários, nem à própria empresa.
A Etiqueta do Gestor ao Demitir
Faça a demissão em particular: A vida não é um reality show e seria de péssimo senso tornar pública sua intenção de demitir alguém para outros colaboradores, antes ou durante o ato. Escolha um lugar reservado e tranquilo, podendo ser na sua sala ou na sala do funcionário e informe sem protelar.
Não estenda o assunto: Uma entrevista de emprego, via de regra, é longa, para se conhecer o entrevistado. Já a demissão deve ser breve. Não é hora de fazer avaliação de desempenho, feedback de performance ou julgamento de comportamento. Isto seria prolongar os desagradáveis minutos desse ato. Algo entre 10 e 15 minutos de conversa é tempo suficiente para não se tornar repetitivo.
Informe a causa: É um direito do funcionário saber quais foram os motivos, principalmente os objetivos (metas não alcançadas, excesso de faltas, indisciplina, perda de clientes importantes, descumprimento estatutário etc.). Não crie argumentos infactíveis, como “precisamos diminuir as despesas”, se isso não for verdade. Seu colaborador merece respeito.
Ajude quando possível: Algumas empresas têm programas para funcionários demitidos de recolocação no mercado de trabalho, que inclui indicar a vagas em outros segmentos de empresas parceiras, carta de apresentação a terceiros, bolsas de cursos de aprimoramento e reconhecimento das habilidades que a pessoa desenvolveu. Abra espaço para o funcionário tirar suas dúvidas quanto aos direitos, benefícios e possibilidades.
A Etiqueta do Funcionário Dispensado
Não faça estardalhaço: Apesar de a demissão ser uma das piores situações da vida no trabalho, respire fundo e não enlouqueça. Reagir agressivamente ou com estardalhaço, acredite, só piora tudo para você: acaba com qualquer possibilidade de indicação para um novo trabalho e apaga as coisas boas que você realizou. Por isso, não alimente ressentimentos.
Aja com dignidade: Por mais frustrado que você esteja, escute o que lhe for comunicado, pode ser um momento de aprendizagem ouvir as críticas sobre seu trabalho e faça as perguntas com respeito, informando-se do tempo que terá para organizar suas coisas dentro da empresa. É justo saber sobre como seus clientes serão avisados da sua dispensa, para não ter prejuízos na sua imagem profissional. E principalmente: agir com dignidade é evitar comentários levianos falando mal da empresa e de seus colegas de trabalho por aí.
Aceite ajuda: Caso a empresa lhe ofereça uma oportunidade de recolocação, é sinal que reconhece suas qualidades. Orgulho ferido, nessa hora, pode ser uma armadilha: se a ajuda for útil para você, aceite-a e agradeça. Conte com o apoio da sua família e amigos mais próximos para aliviar o mal estar da situação e, se preciso for, apoie-se em sessões de terapia para atravessar esse período traumático.
Cumpra suas obrigações: Se houver aviso prévio para cumprir, vendas para fechar, relatórios para apresentar, não deixe de fazê-los com presteza e qualidade. Apesar de se sentir desanimado com as últimas obrigações após a demissão, lembre-se que, quando deixamos um lugar, a impressão sobre nós permanece. Ser profissional exige esforços até mesmo no momento da dissolução de um vínculo.
Todos os Envolvidos devem Aprender algo com a Demissão
O gestor deve, ao final de uma demissão, analisar cuidadosamente toda a trajetória daquele funcionário na empresa e tentar sanar possíveis falhas estratégicas no monitoramento, treinamento, aplicação e avaliação de seu funcionário. Muitas vezes, a culpa da demissão de um colaborador está na inabilidade de treinamento do próprio líder, que somente cobra resultados, mas não aponta caminhos para a equipe alcançá-los.
O funcionário demitido, por sua vez, está sendo entregue a si mesmo, cabe a ele elaborar uma melhor versão sua e superar, com aprendizagem, a experiência do rompimento do vínculo. Muitas vezes, nessa hora difícil, novos projetos e oportunidades surgem e empreendedores nascem. Nas
Nas palavras de Winston Churchill, “ter sucesso é falhar repetidamente, mas sem perder o entusiasmo”.
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