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Previsões de novas chuvas volumosas para o Rio Grande do Sul devem retomar situação crítica no Estado

rain drops

Segundo a Climatempo, precipitações que podem superar 300 mm estão previstas para os próximos dias nas bacias dos rios que desaguam no rio Guaíba. Fenômeno meteorológico bateu recordes de 1941 no estado

O Rio Grande do Sul ainda irá registrar chuvas intensas nos próximos dias nas bacias dos rios que desaguam no Rio Guaíba, o que deve ampliar a situação crítica vivida pelos municípios gaúchos e pelos mais variados setores, como agronegócio, energia e infraestrutura. Segundo a Climatempo, a maior e mais reconhecida empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo do Brasil e da América Latina, o atual fenômeno meteorológico é o mais intenso e bateu recordes de precipitações em relação ao ocorrido em 1941, e a perspectiva é que o intervalo entre evento como este seja menor em função das mudanças climáticas.

Em algumas localidades, como a divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a previsão da Climatempo é que as precipitações sejam superiores a 300 mm a partir de amanhã (sexta-feira 10/05) até a próxima segunda.

“O sistema de alta pressão persistente sobre o Centro-Oeste, Sudeste e parte do Paraná, faz com que a massa de ar quente, que está estacionada nessas áreas, impeça o avanço da frente fria oriunda da Argentina e que entra pelo Sul do País. O choque entre esses dois sistemas causará chuvas bastante volumosas na Serra Gaúcha, do Planalto Norte e, também, na região dos vales do Rio Grande do Sul”, alerta o meteorologista Vinícius Lucyrio, da Climatempo.

As maiores precipitações devem atingir municípios do norte e da Serra Gaúcha, regiões onde se encontram as cabeceiras de diversos rios como o Taquari, Jacuí, Caí e Sinos, fazendo com que haja um retrocesso na queda do nível do rio Guaíba e que novas enchentes atinjam a região metropolitana de Porto Alegre.

“O fato de chover nas cabeceiras dos rios que desaguam no rio Guaíba é decisivo, pois o solo já está saturado de umidade, impedindo a absorção da parte das águas pluviais, que devem se deslocar em grande volume para a região metropolitana da capital gaúcha”, explica o meteorologista

A presença de uma grande massa de ar quente estacionada sobre a área central do Brasil (Centro-Oeste e Sudeste), em colisão com o ar frio que avança da Argentina, provocando chuvas intensas, é um fenômeno similar ao que ocorreu em 1941, mas, desta vez, com uma intensidade muito maior. “Passaram-se mais de 80 anos até que esse fenômeno ocorresse novamente com tal força, mas, em função das mudanças climáticas e do aquecimento do planeta, a tendência é que esse tipo de fenômeno ocorra em intervalos cada vez menores”, alerta Lucyrio, ao observar que o El Niño, aquecendo as águas do Oceano Pacífico equatorial, segue influenciando o clima e contribui para que a instabilidade permaneça no Estado.

Impacto na economia

A previsão de mais chuvas volumosas seguirá afetando os mais variados setores da economia gaúcha, como o agronegócio, o de energia e de infraestrutura.

“Estão previstos novos eventos de chuva forte para o norte e noroeste do Rio Grande do Sul e o sul de Santa Catarina. Isso deve prejudicar o fim da colheita da soja e de outras culturas como milho e arroz”, afirma a meteorologista da vertical Agro da Climatempo, Nadiara Pereira.

Segundo boletim da Emater/RS, de 02 de maio, ainda há 24% da colheita de soja a ser feita, o que representa uma área de 2 milhões de hectares e 6,5 milhões de toneladas do grão.

“Chama a atenção o fato de que a soja, apesar de ter sido atingida pelos temporais da primavera, vinha apresentando uma ótima produtividade, já que no verão as chuvas foram regulares, e havia uma expectativa de safra recorde no Rio Grande do Sul”, conta Nadiara, ao destacar que o final da colheita do arroz e do milho da primeira safra também serão impactadas, pois ainda falta colher em torno de 15% de milho e cerca de 20% de arroz.

Além dos grãos, a inundação das áreas rurais provocou a perda de máquinas e a morte de animais. Adicionalmente, as chuvas e enchentes estão bloqueando rodovias e prejudicando o escoamento do que foi produzido. Esses fatores devem pressionar os preços dos produtos agropecuários nacionalmente, considerando que o Rio Grande do Sul é um grande produtor.

Por que está chovendo tanto

As fortes chuvas que atingem o Rio Grande Sul ocorrem por uma combinação de fatores considerados raros pelos especialistas da Climatempo e similares ao que se registou em 1941. Entre eles está uma massa de ar quente estacionada sobre a área central do Brasil (Centro-Oeste e Sudeste), que impede o avanço da frente fria pelo sul do País, aumentando a precipitação, principalmente no Rio Grande do Sul. Além disso, o fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico equatorial, segue influenciando o clima e contribui para a permanência da instabilidade no Estado.

“Combinamos imagens de radar com modelos de previsão do tempo para oferecer a maior acurácia e detalhes sobre os eventos climáticos, como este que vem ocorrendo no Sul. Esse trabalho acaba sendo fundamental para a emissão de alertas para as defesas civis, além de possibilitar que empresas dos variados setores se prepararem para os efeitos de eventos climáticos extremos”, afirma a Nadiara.

Em relação ao setor de energia, o alerta sobre a possibilidade de novos eventos de chuva intensa eleva o risco de rompimento das barragens das hidrelétricas, já que o grande volume de água das chuvas excede a capacidade de reversão destas infraestruturas.

As bacias dos rios Jacuí, Uruguai e outras apresentam ENAS (Energia Natural Afluente) em valores extremos. Em 2 de maio, houve o rompimento parcial da barragem da Usina Hidrelétrica 14 de Julho, que fica entre os municípios gaúchos de Bento Gonçalves e Cotiporã, por não suportar o grande acúmulo de água.

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