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Eu preciso “saber português”?

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Cris Miura
@crismiura
CEO & Founder da Pontue - Redação Inteligente. Líder do Grupo de Educadores do Google Ribeirão Preto (GEG - RP). Especialista em Linguística pela Unesp - Araraquara e em Tecnologia aplicada à Educação pela PUC - RS.

Sou professora de Língua Portuguesa e esta é uma das perguntas que mais ouço. E eu a acho muito interessante, já que sempre fico pensando o que ela realmente significa. Por isso, em uma das minhas “investigações”, perguntei a uma aluna o que ela estava querendo dizer. E ouvi a seguinte resposta: “Ah! Eu sei me comunicar, então, nem preciso tanto saber as regras gramaticais”. Esse posicionamento me fez entender que nem sempre é possível ter clareza com relação à importância do domínio da nossa língua materna.

Todo e qualquer profissional – sem exceção – precisa utilizar uma habilidade específica: a comunicação. Seja por meio da escrita ou da fala, é certo que, do cargo de ajudante ao de CEO, a nossa capacidade de transmitir nossos pensamentos é fundamental. Mas, apesar da importância, não é incomum ver currículos profissionais quase incompreensíveis – muitas vezes impossibilitando a conquista de uma vaga de emprego – assim como e-mails ou outros documentos institucionais sem a menor coerência. Ou seja, a incapacidade de comunicação torna-se um obstáculo quase intransponível. E a causa disso está no nosso sistema de ensino.

Infelizmente, a escola ainda está distante de preparar o jovem para uma comunicação eficiente: 72% dos adolescentes não mostram conhecimento suficiente em Português, de acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), de 2017. Esse cenário traz consequências gravíssimas para quem está iniciando no mercado de trabalho e, com o tempo, torna- -se pior, já que Profissional afasta-se do ambiente escolar, deixando de se atualizar.

Por essa razão é que dominar a Língua Portuguesa tornou-se um diferencial no mercado de trabalho. E esse domínio não está ligado a conhecer a fundo regras gramaticais já não mais utilizadas, como, por exemplo, a mesóclise (afinal, nunca ouvi alguém, para dizer que irá encontrar-se com um amigo no shopping, dizer: “Encontrar- -lhe-ei no shopping”). Na verdade, o que se busca é a capacidade de se apropriar das regras gramaticais para uma comunicação clara e precisa. E, mesmo diante de um cenário tão defasado como é o do nosso sistema educacional, é certo que a responsabilidade é de cada um, de maneira que a ineficiência na escrita – ou até mesmo a oralidade – não se tornem a causa de uma perda de oportunidade, seja ela comercial ou profissional. Mas, como isso pode ser feito? Simples: atualizando-se!

Cursos, livros de Língua Portuguesa, leitura diária de jornais e revistas, aulas no Youtube, enfim, não importa, a busca pelo conhecimento deve ser um hábito diário. Ter a percepção de que as regras que utilizamos para a nossa comunicação não devem ser decoradas. Ao contrário disso, é fundamental compreender o nosso contexto profissional e, a partir de então, explorar o conhecimento de maneira que ele seja útil para o nosso cotidiano. Logo, revisar aquele texto padrão de uma proposta comercial ou aquela redação sobre a qual se fala de si próprio, em uma carta de apresentação, é um bom exercício. E lembrar-se de que, hoje, a maioria das dúvidas com relação à norma – padrão é sanada em poucos minutos por meio da pesquisa na web.

Enfim, é preciso, sim, “Saber Português”. O domínio da própria língua é uma ferramenta de grande potencial para se destacar no mercado de trabalho. Afinal, contrário ao que a minha aluna disse, embora todos saibamos nos comunicar, conhecer “um tanto” das normas é essencial.

One thought on “Eu preciso “saber português”?

  1. Isto sem falar que nossa língua pátria é um repositório de curiosidades. Apenas um exemplo seguindo a regra da formação do feminino trocando-se o O final pelo A. Faça o exercício: tome um nome masculino e obtenha seu feminino de modo que seja totalmente diferente. Depois forme uma frase usando as duas formas. Despertou sua curiosidade? Então vamos ao exemplo: barro e barra. A frase: Caminhou uma hora pelo barro para chegar à academia e se exercitar na barra. Particularmente nunca vi algum professor fazer este tipo de exercício. E exemplos não faltam: posto/posta; boto/bota; coxo/coxa; baio/baia; cão/cã; maio/maia, apenas para citar alguns. Use sua imaginação e divirta-se.

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