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É preciso “largar tudo” para Fazer o que Ama?

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Pedro Custodio


Pedro Custódio

abeeon.com/pedro-custodio 
Advogado que carrega o escritório na mochila, escreve e ajuda outros advogados a terem mais tempo e mobilidade.
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imagem Pixabay

Desde que eu me entendo por gente, eu queria ser músico. Eu não tinha a mínima ideia de como ganharia a vida com isso – parece que não nos preocupamos com essas coisas quando crianças –, mas, na minha imaginação, eu ia viajar o mundo e tocar. Eu queria ser livre fazendo o que eu amo, tema muito em voga nos dias de hoje.

Até tive uma banda, toquei em alguns festivais e eventos em outras cidades, mas nunca consegui ganhar um real com isso. Como eu já estava “grandinho” e precisava decidir como ganharia a vida, fui fazer faculdade. Só que, diferentemente do que eu imaginava quando menino, me formei numa profissão tradicional e cheia de jargões, com poucos caminhos a seguir – pelo menos como eu enxergava naquela época – a não ser o serviço público ou a advocacia.

Concursado ou advogando, a imagem que eu tinha dos meus dias de vida era sentado numa cadeira de escritório o dia inteiro, com apenas trinta dias de férias para estar onde eu queria. E isso me incomodava bastante. Afinal, aquele menino viajante e livre ainda estava vivo dentro de mim. Escolhi a advocacia – até porque não consegui passar em nenhum concurso público – e, como eu previa, minha rotina era acordar, entrar no escritório (que não era o meu), sentar numa cadeira às 8h e ir embora às 18h.

O pior de tudo é que eu não enxergava uma possibilidade de sair daquele padrão corporativo de trabalho. Na minha cabeça, ou eu encarava ter que abrir e fechar o escritório todos os dias e esperar que as férias chegassem logo ou procurava outra coisa pra fazer. Muito se fala hoje em dia de “largar tudo” e trabalhar com o que se ama, mas, na prática, não é tão simples assim. Eu preferi encontrar uma forma de usar a minha profissão como um meio para viver a vida que eu queria.

Quando comecei a pensar, tudo parecia óbvio demais. Os processos judiciais são eletrônicos, eu trabalhava escrevendo e a maioria dos contatos com os clientes era por e-mail ou telefone. O que eu estava fazendo sentado naquela cadeira de escritório o dia inteiro, então? Foi aí que decidi advogar sozinho em home office. Publiquei um blog, melhorei meu perfil on-line e comecei a escrever, coisa que eu não fazia antes.

O resultado disso? Estou escrevendo esse texto na varanda da minha casa, num sítio no interior de Minas Gerais, depois de tomar um café tranquilo com a minha esposa, pouco depois do sol nascer.

Criar a realidade que você deseja é algo totalmente possível. Acho que os desafios são maiores quando você toma essa decisão, mas a recompensa de viver algo mais significativo pra você faz valer a pena.