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Existe um jeito feminino de empreender?

Camile Just

Por *Camile Just

Volta e meia ouço alguém questionar o porquê de separar o empreendedorismo feminino de simplesmente empreendedorismo. Resolvi usar o Dia do Empreendedorismo Feminino, comemorado neste domingo (19), para compartilhar minhas reflexões sobre essa divisão. Nos últimos seis anos, já ajudei milhares de mulheres a construírem e escalarem seus negócios, além de ter feito o mesmo com o meu próprio negócio – até sua venda no ano passado. É com base nas minhas experiências, observações e algumas pesquisas sobre mulheres empreendedoras que escrevo esse texto.

O empreendedorismo feminino se diferencia logo no início: na motivação. Enquanto muitos homens são impulsionados pelas oportunidades de mercado e pela ideia de criar um produto ou serviço inovador, as mulheres, frequentemente, empreendem buscando autonomia e liberdade. Isso inclui não só a necessidade financeira, mas também o desejo de ter controle sobre suas vidas e decisões. Por isso digo que a maioria das mulheres se encaixa no conceito de empreendedorismo por necessidade, já que esse desejo nasce da necessidade de conciliar com a família e as necessidades de geração de renda e realização também como profissionais.

Quando se trata de iniciar um negócio, as mulheres tendem a focar em capacitação e planejamento. Em contraste, muitos homens buscam validação imediata por meio de clientes. Ou seja: mulheres levam mais tempo para ir para a ação. Acompanhando tantas mulheres nesses anos, não posso deixar de dizer que esse comportamento nos atrapalha e nos atrasa. Porém, também nos faz construir negócios mais estruturados e com mais atenção aos detalhes, uma das melhores características dos negócios femininos.

Toda essa necessidade de capacitação e planejamento é reflexo da nossa baixa autoconfiança, mas também do peso de fazer dar certo sozinhas. Uma pesquisa realizada pela consultoria de marketing americana AI bees mostra que a maioria das mulheres começa a empreender sozinhas, enquanto os homens costumam iniciar negócios com sócios e funcionários.

Na mesma pesquisa, 47% das mulheres declararam que acreditam no sucesso futuro dos seus negócios, enquanto 64% dos homens afirmam que irão ser bem sucedidos. Isso não significa que as mulheres sejam menos capazes, mas reflete uma abordagem mais cautelosa e ponderada – o que também se reflete na nossa forma de gestão.

Empatia, uma habilidade muitas vezes mais associada às mulheres, se torna uma ferramenta poderosa no empreendedorismo feminino. Ela permite uma maior sintonia com as necessidades e expectativas dos clientes, levando à criação de produtos e serviços mais alinhados com o mercado. Essa abordagem não só melhora a experiência do cliente e faz vender mais, mas também fomenta a lealdade e o engajamento.

Nós, mulheres empreendedoras, costumamos focar mais na qualidade e na inovação dos nossos produtos ou serviços. Isso significa investir em pesquisa, buscar soluções criativas para os problemas do mercado e estar sempre de olho nas novas tendências. Isso também nos ajuda a construir uma marca forte e uma reputação de excelência. Falar em construir marca é falar em construir relacionamentos duradouros com nossos clientes, algo que nos é natural!

Por tudo isso, minha resposta é sim. Existe um jeito feminino de empreender. Precisamos cada vez mais nos apoderar das nossas características empreendedoras, aprender a confiar mais em nós mesmas e no nosso potencial. E, a partir, dessa autoconfiança desenhar uma vida em que a liberdade, autonomia, realização financeira, profissional, familiar e pessoal caminham lado a lado.

*Camile Just é mentora de empreendedorismo feminino e head de produto n’O Novo Mercado