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As Marcas e o Paradoxo do Lucro

Augusto Carminati


Augusto  Carminati
@augustocarminati

Pós-Graduado em História: Cultura e Sociedade e, também,em Antropologia Comportamental. Especialista em Branding (a criação e conceituação de marcas) pela Curtin University,da Austrália. Professor, mentor e consultor de marcas,além de sócio-diretor do Núcleo Imm.

Arquivo Pexels

Você já ouviu falar no “paradoxo do hedonismo” ou “paradoxo do prazer” alguma vez na vida? Se não, eu vou explicar tudo certinho. Se sim, pode pular o primeiro capítulo que lá pra frente eu vou ensinar a como utilizá-lo para sua marca.

Primeiro, the basics: o que é hedonismo?

Você pode procurar em vários e complexos livros de filosofia, mas, no caso deste termo, a Wikipédia resume bem: “O hedonismo (do grego hedonê, “prazer”, “vontade”) é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer, o supremo bem da vida humana”.

Basicamente isso. Viver ao máximo em busca do máximo prazer é o único e verdadeiro sentido da vida, e o único caminho eficaz na busca pela felicidade.

E por que existe um paradoxo para o prazer?

Simples, porque muitos pensadores disseram isso. Brincadeira. Na verdade, se observarmos a história e o nosso redor, entendemos o que grandes pensadores já disseram: o prazer pelo prazer pode não resultar em prazer.

Quando se busca o prazer deliberadamente, quando se busca a felicidade de maneira objetivada, podemos, na maioria das vezes, acabar frustrados.

Próximo Capítulo

Se a gente transferir para o PJ (Pessoa Jurídica), o que seria o prazer? O prazer das empresas é o lucro. E, assim, nasce o “paradoxo do lucro”. O consumidor é rei, e hoje ele é um rei conectado, cheio de conselheiros e muito bem-intencionado com relação ao que espera do mundo, mas, principalmente, com relação ao que sua marca deixa para o mundo.

Isso acontece porque, ao CONSUMIR sua marca, ele entende que está SENDO sua marca, e ninguém quer ser algo que não deseja, ninguém quer ser algo que causa qualquer coisa diferente de um máximo de bem-estar para um máximo de pessoas. E mais: ninguém quer ser objeto de consumo de uma empresa.

Por isso, uma marca é um conceito, e só funciona, basicamente, através de uma essência.

Termino com uma livre adaptação da célebre frase do filósofo Søren Kierkegaard: “A maioria das pessoas (marcas) persegue o prazer (lucro) com tanto afã que o acaba deixando rapidamente para trás (a concorrência).”

Você, neste Exato Momento.

E como vencer esse paradoxo, afinal?

A descoberta e alinhamento da essência é um fundamento do qual seu negócio não pode abrir mão. É ela quem vai criar um valor ÚNICO que facilmente será absorvido por seus colaboradores, fornecedores e, claro, consumidores em geral.

Qual a cara da sua marca? Não estamos falando de logo, slogan e alguma “peça conceito”. Qual é a verdadeira personalidade que sua marca transmite para seus consumidores?

Essa essência precisa de um propósito, algo que as pessoas facilmente identifiquem como o “porquê” da marca, qual o seu objetivo de existência no mundo.

E, não, o propósito não pode ser o de “ganhar dinheiro”. Esse pode até ser o objetivo da sua empresa (sugiro não ser), mas não pode ser o da sua marca! Os clientes sentem cheiro de armadilhas de caça-níquel. E se afastam.

Não, eu não estou falando da hipocrisia de abnegar o lucro, JAMAIS. Só disse que HOJE é preciso, sim, sonhar. Mais do que isso, é preciso entregar sonhos, esperança e, principalmente, inspiração e soluções para um grupo de pessoas, seu nicho.

A marca é o garoto que quer mudar o mundo e, mesmo assim, (e talvez por isso) se permite lucrar, não o contrário. Não é, ou não deve ser, uma máquina de fazer dinheiro que, às vezes, se permite mudar o mundo, propor novas soluções para o mundo. Isso tem que estar na alma de seus donos, e, acreditem, pode ser muito lucrativo.

Uma dica final? Se o dinheiro é seu último recurso, você já está sem recurso nenhum.