fbpx
1

Ayahuasca e o Pirata na Lâmpada

thiago franco


Thiago Franco
@thiagofranco.coach
abeeon.com/ thiago-franco 
Coach, consultor, professor e palestrante. Hoje seu principal foco é guiar pessoas para encontrar a melhor forma de se conectarem com seus valores, seus objetivos e com as pessoas à sua volta.
imagem Pexels

Como você reage quando alguém te chama para fazer algo que nunca fez? Quando você é mais novo, tudo é alegria e, se você é mais velho, deve pensar: “Pra que vou me enfiar nessa roubada? ”. Mas as coisas, geralmente, são novas para a gente e velhas para o mundo; então, por que não? Pensando nisso, resolvi aceitar o convite de amigos e participar de uma cerimônia xamânica.

Nos rituais xamânicos, com frequência se faz uso da Ayahuasca, uma bebida enteógena (ou alucinógena) usada por comunidades indígenas há mais de 5.000 anos. Ou seja, novo para mim, velho para o mundo.

A xamã começou explicando o ritual, sobre a Ayahuasca e sua força, o que fazer e quem chamar se você passar mal. Recebi minha dose e sentei. O ambiente foi colocado à meia luz, uma música tranquila tocava e ninguém mais dizia uma palavra.

Depois de um tempo, entendi como o ritual é importante. A música, o não falar, a ausência de celular, toda a atmosfera levando à introspecção. Tudo parecia normal e tranquilo até que senti as luzes mais fluidas. Olhei para a lâmpada fraca no teto e vi o semblante de um pirata com tapa olho. Começou a viagem, eu estava entrando na força da Ayahuasca.

Nem todos têm uma boa experiência com a bebida. Algumas pessoas ao redor estavam visivelmente sofrendo, lutando contra seus demônios. Já eu, muito pelo contrário, estava tranquilo e feliz! A música com som de água me levou por corredeiras em rios subterrâneos. O tambor oceânico me deixou à deriva no mar ou debaixo de uma chuva agradável.

Um dos melhores efeitos da bebida é a amplificação dos sentidos. A xamã colocou um maço de manjericão perto do meu rosto e senti o aroma até dentro do meu cérebro. Mas não me prendi, esta é uma percepção interessante. No “trabalho” com a Ayahuasca, você não fica preso em uma ideia ou sensação. Ela vem, você a sente e depois a deixa ir. Não há controle e ele não faz falta.

Na última parte do ritual, cada um pôde falar o que sentiu e como foi seu trabalho. De uma forma ou outra, todos encontraram o que buscavam: prazer, descanso, redenção. Para mim, significou liberdade de pensamento.

No dia seguinte, retornei ao local e o pirata não estava mais na lâmpada. O que ficou foi a nova experiência de um conhecimento velho para o mundo: as armadilhas que esmagam nosso espírito são criadas em nossa própria mente. Para alcançar a liberdade, precisamos fechar os olhos para o que entendemos como realidade e abrir em outra direção: a nossa.