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Receitas, carnes, vídeos e muito bom humor

Chef Cadu Evangelisti – foto Guilherme Bordini

Chef Cadu Evangelisti trocou a publicidade pela culinária e hoje ensina,no YouTube, todos os segredos para preparar uma boa carne

Sabe aquelas propagandas de carnes suculentas, que acabaram de sair do fogo, que dão água na boca em qualquer um que aprecia o alimento? Pois o chef Cadu Evangelisti, 28 anos, sabe muito bem como prepará-las. Tanto a carne quanto a propaganda!

Nascido em São Paulo e morando em Ribeirão Preto há muitos anos, Cadu fez faculdade de Publicidade e Propaganda. “Eu sempre tive a cozinha como opção, mas, na época em que precisei decidir qual vestibular prestar, não havia nenhum tipo de incentivo à carreira de cozinheiro. Não existiam chefs famosos, programas de TV, reconhecimento e respaldo. Então cursei Publicidade e fi z pós-graduação em Gestão de Marketing”, conta.

Depois de formado, lá foi ele encarar a rotina das agências. Mas não por muito tempo. “Após três anos de carreira e com certo reconhecimento no mercado publicitário, percebi que, definitivamente, não era aquilo que eu queria. Eu não me via fazendo outra coisa, senão dentro de uma cozinha. Então, passei de ‘publicitário conhecido’ a ‘cozinheiro iniciante’. Comecei do zero, sem vergonha, sem medo, sem pudores e sem barreiras. Fui estudar, trabalhar, buscar minha identidade e recuperar o tempo ‘perdido’”, ele diz.

Decisão tomada, já são quatro anos atuando como cozinheiro profissional, seja em restaurantes, hotéis ou bufês. Hoje, ele está à frente da cozinha do Vila Beef, uma casa de carnes com bufê, empório e restaurante sob reserva na Zona Sul de Ribeirão.

E é lá que Cadu Evangelisti apresenta, ao lado do zootecnista especialista em carnes, Marcelo Whately, os programas produzidos especialmente para o canal Vila Beef no YouTube. Se você nunca viu, não espere encontrar apenas o passo a passo sobre como fazer o melhor corte de carne ou as boas práticas para o churrasco perfeito. A dupla Cadu e Marcelo investe na diversão para prender a atenção do internauta.

“O bom humor faz parte da nossa personalidade. Então, não foi muito difícil definir esta linha. A gente é o que transparece nos vídeos, sem tirar nem pôr, é isso que faz com que o conteúdo seja leve e agradável. Ao mesmo tempo em que queremos passar um conteúdo rico, técnico e relevante, também queremos proporcionar um momento de descontração para quem assiste”, revela o chef.

E assim, nessa linha bem-humorada, já foram produzidos episódios temáticos ligados ao Natal, às festas juninas e ao Halloween, tudo com figurinos e acessórios bem cuidados. Um dos mais divertidos é um vídeo sobre como fazer o churrasco coreano, em que Cadu encarna o cantor Psy, em uma pequena performance do hit “Gangnam Style”.

Além de dominar o preparo da carne como ninguém, o chef ainda relembra seus conhecimentos em Publicidade e Propaganda nos detalhes da produção dos programas, que são cuidadosamente trabalhados. Segundo ele, episódios mais simples, com receitas curtas, sem convidados, levam, aproximadamente, três horas para gravar. Se tem convidado ou receita longa, são quatro horas. Já os episódios especiais, como o de Natal, Halloween e Réveillon, chegam a consumir oito horas de gravação. “É cansativo, mas é muito leve o clima de gravação no set. O Marcelo e eu somos muito amigos, então vamos tomando nossa cervejinha durante as gravações, sempre brincando e topando tudo que nos é proposto por nossa equipe de produção”, garante Cadu.

Chef Cadu Evangelisti – foto Guilherme Bordini
Culinária na TV

Outra experiência que o chef leva para seu trabalho no YouTube é a participação na segunda temporada do programa The Taste Brasil, em 2016, no canal GNT. “Minha participação foi breve, mas muito significativa para mim.

Tive a oportunidade de cozinhar para três chefs incrí-veis, sendo que um deles é meu ídolo desde os 14 anos, o Claude Troisgros. Eu quis ser cozinheiro por ele, eu imitava os gestos dele na cozinha, eu queria ser ele, fazer o que ele fazia. Então, quando eu o vi lá, comendo meu prato, elogiando, chorando comigo, me abraçando, enfim, foi incrível”, relembra. “Ouvir Felipe Bronze, Claude Troisgros e André Mifano dizendo ‘você é bom, segue o seu caminho’ foi o empurrão que faltava para a minha carreira. As portas começaram a se abrir e fui aproveitando as oportunidades”, completa.

Sobre a grande quantidade de programas de culinária hoje na TV, Cadu acha válido. “É realmente uma epidemia de programas de culinária. E isso fortalece o nosso trabalho.

Obviamente que, hoje, a demanda por cursos de gastronomia é muito maior e boa parcela se deve aos programas. É normal! Futebol passa todos os dias na TV, e todo mundo quer ser jogador. Todo mundo quer ser cantor.

Todo mundo quer protagonizar a novela das 21h. Agora, todo mundo também quer ser chef, mas nem todo mundo topa passar o que um cozinheiro passa até se tornar chef, e é aí que mora o problema”, avalia.

Para ele, quem assiste a programas de culinária no conforto do sofá, com o ar-condicionado ligado, não sabe o que se passa dentro de uma cozinha profissional. “O calor, as dores nas pernas, nas costas, nos ombros. Os dedos cortados, braços queimados, cabelo engordurado. O cheiro constante de cebola, alho, peixe. A alimentação descompensada, os feriados perdidos”, enumera.

Mas você pensa que, com tanta coisa que pode ser considerada uma adversidade para a maioria dos mortais, o chef Cadu pensa em desistir? De maneira alguma. “Não existe glamour nenhum na cozinha profissional, mas existe uma paixão que me faz acordar todo santo dia feliz da vida por poder servir comida. Por poder transformar o dia de alguém através de um prato”, finaliza.

Por Angelo Davanço