
Desde criança, Rodolfo José Favaretto Filho gostava de ajudar quem se feria. Hoje atua como médico urologista e alerta sobre a necessidade de prevenção do câncer de próstata e outros tumores
Se existem pessoas que nascem para exercer algum tipo de atividade, esta afirmativa pode ser aplicada perfeitamente a Rodolfo José Favaretto Filho, 38 anos. Nascido em Pontal, no interior paulista, foi para a vizinha Ribeirão Preto ainda pequeno e lembra que, desde criança, quando via algum animal ferido ou alguém machucado, queria logo ir lá dar uma olhada e, de quebra, ajudar. “Meus pais contam que sempre que eu via uma pombinha morta, dava um jeito de pegar uma faca, queria abrir, ver como era por dentro”, recorda. O resultado desta curiosidade?
O menino se transformou no Dr. Rodolfo, médico formado pela Universidade de Ribeirão Preto, com residência em urologia pelo Hospital Santa Marcelina, de São Paulo, e título de especialista pela Sociedade Brasileira de Urologia.
“Ainda durante a faculdade eu já sabia que seguiria carreira na urologia, por ser uma especialidade bem ampla, que aborda parte clínica, parte estética e parte cirúrgica. Esta foi minha melhor escolha de vida e realmente não me vejo fazendo outra coisa”, reconhece o médico, que atende em seu consultório particular e no Grupo São Lucas, em Ribeirão Preto, e em São Paulo, onde trabalha semanalmente realizando cirurgias urológicas.
Rodolfo explica que a urologia, embora pelo senso comum seja fortemente ligada à população masculina adulta, é uma especialidade mais abrangente. “Creio que a urologia, por estar sempre relacionada, primeiramente, a câncer de próstata, disfunção erétil, impotência sexual, acaba ligada ao homem, mas é uma especialidade muito mais ampla do que a maioria pensa. Não é incomum, no meu consultório, quando estou atendendo uma paciente mulher, e o próximo é um homem, ele me perguntar: ‘Mas doutor, urologista atende mulher?’ Sim, atende mulheres, crianças, adultos, jovens, adolescentes, é uma especialidade ampla, que acaba abordando ambos os gêneros, independentemente da idade”, explica.
E não é apenas quando se chega aos 40, 50 anos, que o homem deve se preocupar em procurar um urologista para avaliar a próstata. O especialista deve ser consultado desde a infância. “Assim como a mulher conta com o ginecologista, é importante que o homem tenha um médico de referência, que no caso somos nós, os urologistas”, recomenda Rodolfo, que lembra da campanha #VemProUro, desenvolvida anualmente pela Sociedade Brasileira de Urologia para estimular a ida precoce ao consultório. “Desde os primeiros meses de vida dos meninos, é importante avaliar o testículo, o saco escrotal, a bolsa testicular, a questão da fimose”, enumera. “E as consultas devem se prolongar ao longo da vida, tornando-se recomendável anualmente, a partir dos 40 ou 50 anos”, completa.

Novembro Azul
A campanha Novembro Azul surgiu na Austrália, em 2003, aproveitando as comemorações do Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, que são realizadas no dia 17 de novembro. No Brasil, o movimento teve início em 2008, pela Sociedade Brasileira de Urologia. O objetivo da campanha é promover uma mudança no conceito de ir ao médico, estimulando os homens em geral a fazerem seu exame de rotina, exames preventivos, fazerem uma avaliação global de sua saúde, incluindo a prevenção do câncer de próstata. “Após a introdução desta campanha, devido a mais informações disponíveis, adesão por atores, jogadores de futebol, celebridades, houve um aumento significativo na procura pelo urologista com intuito preventivo”, avalia Rodolfo.
E como em todas as áreas da saúde, prevenção é a palavra de ordem quando o assunto é o câncer de próstata. “O diagnóstico precoce vai evitar doenças no futuro, que poderiam ser tratadas de uma forma menos invasiva. Um diagnóstico tardio talvez possa trazer até a possibilidade de não haver mais um tratamento possível”, alerta. “Lembrando que o câncer de próstata é assintomático, assim, somente os exames preventivos podem indicar sua presença ou não”, alerta. Mas não é apenas sobre a próstata que o urologista lança seu olhar quando o assunto é a prevenção. Um exemplo é o câncer de testículo.
“Assim como a mulher tem o hábito de fazer o autoexame da mama, o homem também tem que criar o hábito de avaliação do testículo. Uma vez por mês, durante o banho, palpar o testículo com cuidado, avaliar se tem algum nódulo, algum caroço indolor. Se teve alguma alteração, procurar o quanto antes o urologista”, aconselha.
Cânceres de rim e de bexiga geralmente podem ocasionar sangramento indolor na urina, um sinal de que é preciso procurar o médico, principalmente quando associado ao tabagismo, considerado o principal fator de risco para os tumores renais e na bexiga. “Estes são alguns sinais importantes para se ficar atento, mas o ideal mesmo é a prevenção, não esperar nenhum destes sintomas aparecer para procurar o médico, nosso objetivo é antecipar este quadro e fazer um diagnóstico precoce, onde a chance de cura pode chegar, em alguns casos, próximo aos 98%”, esclarece Rodolfo.
Fique Atento
As atuais recomendações para a prevenção do câncer de próstata com o PSA (análise de sangue) e exame de toque são: Pacientes a partir dos 50 anos de idade ou pacientes acima de 45 anos que tenham história familiar de câncer de próstata e/ou da raça negra.
Por Angelo Davanço