Cris Miura @crismiura CEO & Founder da Pontue - Redação Inteligente. Líder do Grupo de Educadores do Google Ribeirão Preto (GEG - RP). Especialista em Linguística pela Unesp - Araraquara e em Tecnologia aplicada à Educação pela PUC - RS.
Em 2001, eu estava terminando o Ensino Médio. Estudava em uma escola pública – David Carneiro Ewbank – na cidade de Franca, interior de São Paulo. Nessa época, o nosso processo de aprendizagem (nem se usava esse termo ainda!) era restrito a uma tríade: professor (detentor do aprendizado transmitido), escola (espaço aonde aprendíamos) e livros (meio pelo qual aprendíamos). É claro que, por meio de outros canais – como jornal, revista ou televisão – também conseguíamos ter acesso às informações. Todavia, o processo de ensino-aprendizagem estava quase que totalmente restrito ao contexto descrito. Agora, após 18 anos, será que esse cenário ainda é assim?
E, para responder, vou usar um minuto do seu tempo. Pode começar a contar: neste um minuto, enquanto você lê este texto, 41,6 milhões de mensagens foram enviadas no Facebook Messenger e no WhatsApp, 4,5 milhões de vídeos foram assistidos no YouTube e 2 milhões de Snaps foram criados. Números exorbitantes e quase inacreditáveis se fossem mencionados lá na minha época, na escola. Afinal, na limitação que possuíamos, esse cenário só estaria próximo a um filme de ficção científica.
Mas, hoje, de acordo com a Cumulus Media, esses dados são reais e acontecem durante um período de 60 segundos. Ou seja: com a globalização da internet, adotamos comportamentos jamais imaginados. E é certo que isso afetou, diretamente, nossa forma de consumir, de opinar e até mesmo de nos relacionarmos. E é aí que entra a questão: se fomos impactados nesses comportamentos, por qual motivo também não seríamos transformados na nossa forma de ensinar e de aprender?
E, sim: já estamos sendo. Quer saber como? É só “dar um Google” aí: Débora Aladdim. Aluna do 2º ano do curso de Licenciatura em História, pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Em 2013, postou um vídeo comentando como tinha obtido 900 pontos na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Resultado? Mais de 2 milhões de inscritos no canal do YouTube, sendo professora de grandes plataformas educacionais, como o Descomplica. E aí você faz aquele link: há 18 anos, o professor, a escola e o livro eram os pilares para um jovem aprender. Hoje, é possível aprender na web, por meio de videoaulas, com uma jovem que nem professora ainda é. Ou seja: aquela tríade, do meu tempo, #jáera. Complicou? Então, segue comigo o raciocínio.
Aprendizado já não está restrito a um espaço físico. Conhecimento já não está mais limitado ao poder de uma pessoa somente. E o livro deixou de ser um canal para a informação. Nesse sentido, a responsabilidade – e as possibilidades – viraram-se todas para nós, profissionais do século XXI. Assim, cabe a cada indivíduo ser um “empreendedor de si mesmo”, buscando atualizar-se ou aprimorar-se. E a mudança desse “mindset” nem sempre é tão fácil, já que não estamos adaptados a termos o poder de transformar nossas vidas nas nossas mãos.
Portanto, não se limitar é o termo-chave. Abrir a mente para novas possibilidades é, sim, uma atitude comportamental essencial neste novo cenário social. E, você, já decidiu o que irá fazer no próximo um minuto?